quarta-feira, 12 de maio de 2021

A ponta

Aquele iceberg que te mostrei na TV
Era apenas uma ponta gelada
Uso o resto que fica embaixo d'água
Para te dizer que é assim que me sinto
Submersa, quase congelada na agonia
Da tua dualidade frenética
Do teu sorriso inconstante
Que me escapa pelos vãos dos cabelos
Tão escassos quanto tua alegria
Aquela extremidade fria
É o pedaço que conheço de ti
Ínfimo diante do que te transtorna
Do que entorna o caldo da tua urgência
E da minha parca paciência

Ana Oliveira