segunda-feira, 7 de outubro de 2013

.devaneios.



Absorta e casta em profundo descanso, 
contentava-me em saraus e valsas 
quando o destino julgou que o momento, 
era propício. 

Eu, como uma fera amontoada num canto, 
de mãos e pés atados, 
sem nenhuma relutância em extrair a mordaça seca e suja, 
subitamente derreto-me sob tua face
como se minha alma, ora nua,
fosse espelho da tua carne.

De que me serviriam os olhos 
que os vermes hão de saborear, 
se não pudesse observar 
o perfeito desenho dos teus lábios, 
enquanto proferes devaneios e conquistas corações inóspitos?

Amado que me toma! 
Venha com a noite calma e negra. 
Oh, inspiração! 
Oh, cheiro do êxtase e do vinho tinto
que ora derrama em nossas veias.

(Anna Poulain)