quinta-feira, 14 de abril de 2016

Camuflagem


Sombra deserta, deserdada
Pinta a poesia de palavras
Cresce em meu corpo, o mundo
Provoca a intimidade calada

Se enxerga letras no ar
São meus versos o que vês
Camuflados de melancolia
Fadados ao desmanchar

Mescla de terra e devir
Que o livro de cor entoa
Andaluz e pálido sentir
Que a alma se vive, voa...

Ana Oliveira

quarta-feira, 13 de abril de 2016

O abismo da flor


Ainda que acalme a dor
Do triste botão da rosa
Queria abrir-se em flor
Ser poesia, não prosa

Talvez o coração cansado
Da rosa sem fé, nem norte
Ficasse assim, enterrado
No abismo que lhe conforte

Ana Oliveira

Tolices





















Se depois de triste, alegre
E se de feliz, melancolia
A vida cospe a toda hora
Negando tudo que se queria

Se brinca de viver a verdade
Ainda assim não se mente
Esconde talvez a saudade
Que obriga o tempo da gente

Se a lua trouxesse tudo
O que se sonhou um dia
Seria o intento do desejo
O amor que se merecia

Ana Oliveira

terça-feira, 5 de abril de 2016

Quimera

Não mais me importa o mundo
Que só olha para o próprio céu
Não enxerga as cores do outro
Em seu umbigo fica absorto

Não mais me encanta o jeito
Que engana o amor sublime
Nem percebe qual o crime
Oferta sem tempo o proveito

Não mais me basta migalha
Que a vida tudo atrapalha
Vai logo o que nunca era
Esquece o que já quimera

Ana Oliveira

Tempo de ternura

Minha saudade tem nome
Tem cor, cheiro e memória
Caminha contra a demora
Do encontro que se consome

Cada manhã tem mais vida
No abraço que não disfarça
A luz que tudo ultrapassa
Dissolve a dor exaurida

Todo amor que traz cura
Vem com o antídoto certo
Que bom mesmo é estar perto
Sem medir tempo e ternura

Ana Oliveira