A dor é professora da alma
E confessora do corpo
Mais amiga do que julgamos
Sempre subestimada, anátema
Sofre por ser malograda
A revelia do amor, a dor mostra
Teima em impulsionar o ser
Uma senhora triste e rejeitada
Pela sina de revelar as misérias
Cujo rosto não se quer ver
Da dualidade nasce a alegria
Também a evolução dela irrompe
Abraçar a dor é como amar
Alguém que ninguém olha
A dor é maldita porque a euforia
Confunde o ego que frívolo
Atua feito uma medusa
Fazedora de lepidas estátuas
Te faz pedra, traz soberba
Te deixa egoísta e burlesco
A dor é uma mãe que chora
Ao mostrar um mundo sem véu
O curioso destino de um Coração Desordenado
segunda-feira, 23 de setembro de 2024
quinta-feira, 21 de outubro de 2021
Uma prosa sobre quase morrer
A tristeza é uma dor gelada de olhar profundo. Seus sentidos são secos. A boca amarga, a pele rígida. O som da tristeza é um sussurro incessante e histérico. Um silêncio intercalado pelo estampido do medo. Uma respiração que se confunde com o cheiro do sangue e a paralisia do ar. A tristeza é a antessala da morte.
Ana Oliveira
quinta-feira, 7 de outubro de 2021
Abelhar
No céu da vida ameaçada
Voeja a abelha apressada
Encorajada pela urgência
De espalhar a existência
Voeja a abelha apressada
Encorajada pela urgência
De espalhar a existência
Ana Oliveira
Pólen vida
De pólen em pólen sobrevoa
A pequena abelha apressada
A pequena abelha apressada
Uma sina sem linha de chegada
Pois a vida não é tarefa à toa
Pois a vida não é tarefa à toa
Ana Oliveira
quarta-feira, 28 de julho de 2021
Perguntas a Neruda II
Qual a resposta que não tem pergunta?
Quem sentenciou a borboleta à morte prematura?
Quem quebrou a chave do tempo?
Quem subtraiu o livro da noite?
Qual o sabor preferido do vento?
Quem escolheu o perfume das flores?
Porque o cheiro da rosa não é de jasmim?
E se a margarida casasse com o cactus?
Quem sentenciou a borboleta à morte prematura?
Quem quebrou a chave do tempo?
Quem subtraiu o livro da noite?
Qual o sabor preferido do vento?
Quem escolheu o perfume das flores?
Porque o cheiro da rosa não é de jasmim?
E se a margarida casasse com o cactus?
Ana Oliveira
Perguntas a Neruda I
Quem disse que o diabo é mau?
Quem já conseguiu agarrar o vento?
Quem tem o mapa da cidade perdida?
Como está o humor da madrugada fria?
Quantas cores tem o arco-íris da lágrima?
Onde mora o pássaro que pousou na janela?
As perguntas também tem razão?
Quem já conseguiu agarrar o vento?
Quem tem o mapa da cidade perdida?
Como está o humor da madrugada fria?
Quantas cores tem o arco-íris da lágrima?
Onde mora o pássaro que pousou na janela?
As perguntas também tem razão?
Ana Oliveira
Perguntas a Neruda
Quem me perguntou se era assim que eu queria?
Quem escreveu as regras do mundo?
Quem apagou a luz do afeto?
Quem disse que o céu é o teto?
Quem disse que o céu é o teto?
Quem desenterrou o anel de noiva da chuva?
Qual é a cor do verde quando chora?
Qual é o tamanho do mar que deságua dos teus olhos?
Qual é o tamanho do mar que deságua dos teus olhos?
Quem misturou as tintas da tua pele?
Qual é o cheiro dos cabelos da noite?
Ana Oliveira
quarta-feira, 2 de junho de 2021
O fim do poema
Não tenho mais poesia. Enfim, literal. Uma escrita apática, antes sombria. Apenas fosca. Foram os anos, os desamores, os dissabores. As perdas, os danos, os enganos. Não sei. A poesia virou um cinzeiro abarrotado e amanhecido. Um mofo de pão. Uma casca de qualquer coisa que já não serve. Vocês venceram! Já não há mais olhos marejados, nem mariposas estomacais. Apenas uma acidez assídua e vencedora. Não há mais sequer um resto, restolho, restinho, de nada. Só embrulho, entulho. Cascalhos de palavras chutadas. Não me peça mais para escrever, exija qualquer outra coisa. Um tapa na cara, um gole de cachaça, me mande para aquele lugar, mas poesia, nunca mais.
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