domingo, 15 de junho de 2014
soneto da morte do amor
desista, não de mim, do meu choro
pois é o choro que me escolhe
o choro do cavaquinho, do chico
o choro do moço, do braço que acolhe
chega de só querer mar vasto
concentra no miúdo, no brejeiro
é ali que nasce o mundo casto
chega deste choro milagreiro
provoca o riso mesmo com lágrima
finge, disfarça, que logo passa
e vai manchando página por página
é do chorar que se escreve a dor
e da tristeza se arranca a sorte
de um amor, que por ora é morte.
Anna Poulain
.anoitece a cidade (soneto de sangue).
ele chega cansado de um dia lotado
o barulho da chave traz a felicidade
ela espera o amado quase sempre atrasado
nada pede ou repele, anoitece a cidade
ele acorda bem antes, ela diz que o ama
o descer das escadas faz o sonho distante
ela pinta, recorta e as vezes reclama
de saber que só tarda o rever do amante
ela nem titubeia, abre a porta e se joga
ele quase a sufoca como presa na teia
pede braço, abraço e caminham na areia
ele sobe a calçada, ela leite e aveia
na rotina sagrada, de amor, lua cheia
cada dia que passa de jantar e de prosa
Anna Poulain
Assinar:
Postagens (Atom)