sexta-feira, 5 de junho de 2015

Costura



Meu novelo quer ser nó
Faz um emaranhado de sóis, luas
Cheiros, gostos, rostos
Ora decifro, ora vejo vazar 
Por entre os dedais e agulhas

Vou desenrolando fio a fio
Para no mundo não tropeçar
Costuro o retrato de meu ser
Tramando e desmanchando
Dedos gastos de recordar

A trama configura o desenho
Pontos desalinhados pela dor
Querem ser livres do esboço
Saltam veias e texturas
Para arrematar a vida em amor

Anna Poulain

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