segunda-feira, 4 de setembro de 2017

Três perdidos numa manhã suja





















Nenhuma poesia na noite
percorrida entre absurdos e verdades 
E ela no entanto, estava ali,
no dorso da retina empoeirada 
Seis olhos mal dormidos,
sem lua, sem medo ou saudades 
Tudo feito pra ser agora,
efêmera tal qual poeira no asfalto 
E a palavra?
Vazia espera da garganta seca,
ardida, arranhada 
Nenhuma poesia no pôr-do-sol
que não foi visto, mas bebido
E que por isso, mesmo sem querer,
inspirou tosses vertiginosas 
De sangria poética,
arritmia lírica de três corações perdidos 
Numa manhã suja.

Ana Oliveira