Nenhuma poesia na noite
percorrida entre absurdos e verdades
E ela no entanto, estava ali,
no dorso da retina empoeirada
no dorso da retina empoeirada
Seis olhos mal dormidos,
sem lua, sem medo ou saudades
Tudo feito pra ser agora,
efêmera tal qual poeira no asfalto
efêmera tal qual poeira no asfalto
E a palavra?
Vazia espera da garganta seca,
ardida, arranhada
Vazia espera da garganta seca,
ardida, arranhada
Nenhuma poesia no pôr-do-sol
que não foi visto, mas bebido
que não foi visto, mas bebido
E que por isso, mesmo sem querer,
inspirou tosses vertiginosas
inspirou tosses vertiginosas
De sangria poética,
arritmia lírica de três corações perdidos
arritmia lírica de três corações perdidos
Numa manhã suja.
Ana Oliveira