quinta-feira, 2 de março de 2017

A borboleta branca

Te sinto desordenado. Por tudo que deve estar vivendo neste instante pássaro. Sem gaiola nem amarras, sem convenções nem exigências. Te vejo no olho de um ciclone chamado vida tentando agarrar as coisas que aos poucos te deixaram, que aos poucos se perderam, como se ao mesmo tempo quisesse abraçar e soltar. Eu acho tudo isso lindo e louvo! Só que no meio dessa bagunça ainda não consegui me ver. E tenho meu fluxo. Tenho meu porto cá bem definido. Eu até gosto do estrago, mas o do amor vivido, consumido, das mordidas e joelhos arranhados. É nesse poço que me jogo. Do outro, aquele sem fundo, prefiro o sossego. Porque solidão é sossegar. Solidão é como o voo da borboleta branca que de tão imensa vira pássaro só pra voar pra mais longe. Ainda não te sinto solidão. Te vejo como uma gaveta amontoada de memórias que querem ser guardadas, só que ainda não. Precisam da vastidão do tempo e de mais espaço. E talvez de outras histórias, não para substituir, mas para serem vividas. Te vejo perdido e não quero ser a engrenagem que falta, mas a vela que ilumina.

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