quarta-feira, 25 de janeiro de 2017

Doce minimalismo






















O quintal do universo
Que de tão cheio
Esqueceu-se
Das miúdas
E sufocadas pétalas
Que agora vivem
Em pequenos casulos
Graças aos dedos
Maternos e delicados
Da filha da natureza
Neta do destino
Que acolhe sonhos
Em minúsculos
Vasilhames etéreos

(Para Carol e seu lindo Jardim da Mata)

Ana Oliveira

terça-feira, 24 de janeiro de 2017

Metade

Esses pedaços
Um pouco meus,
Um pouco seus
Andando por aí
Presos em outros
Assim também, remendados
Apressados em esquecer
Feito estátua corroída
Pelo tempo
Dessa vida
Um tanto minha
Um tanto sua
Assim, dividida
Fadados a viver

Ana Oliveira

segunda-feira, 16 de janeiro de 2017

Capitu


Que olhos tristes
Esses que de ressaca
Morrem todos os dias
À beira do amar
Feitos de abismo
Cansados de tanto ver
O sentir refletido
Na prisão do querer
Que memória vive
No olhar alheio
Ao instante alvoroçado
Da onda que matou o anseio?

Ana Oliveira

Gosto de sangue





















Nenhum amor passa
Alheio ao gosto do sangue
Da boca mordida
Ou da tarde partida

Nenhum beijo nasce
Sem antes queimar a pele
Feito sol ardido
Ou fogo invadido

Nenhum sonho morre
A caminho do abismo
Mas de metade outono,
Metade abandono

Ana Oliveira