sexta-feira, 25 de novembro de 2016

Acaso e destino

Vira do avesso
Me alma por dentro
Segue teu caminho
Que o mundo já te quer...
Que a vida é mulher
Com outro destino

Fica bem por perto
Me abraça de longe
Pega esse teu astro
Que agora é de ascender
Que o medo é pra perder
No meio do acaso

E minhas horas loucas
Eu te entregarei
E te cantarei
No acaso e destino

Pede que eu te encontro
Me beija num canto
Olha esse teu cheiro
Que eu quero é me render
Que agora é pra valer
Já foi o vazio

Deita aqui do lado
Me conta uma história
Diz que eu tenho um jeito
De quem sabe arder
Que eu tento te dizer
Que o medo acabou

Letra e música: Ana Oliveira

De jeito maneira

Não adianta sumir e voltar sem aviso
Querendo ser ar
Não adianta morrer aqui dentro o juízo
Já não quer amar

Pois pense bem que o amor não aceita a ruína
Desse teu gostar
E agora dança sozinho comigo vivendo,
Pra não mais voltar

Eu não quero mais
Que você me queira
Eu não quero mais
De jeito maneira

Não adianta chorar e ser mais que um amigo
Já não tem razão
Olha meu bem que isso pode ser mesmo um castigo
Pro seu coração

Não adianta sorrir e dizer coisas lindas
Pra me enganar
Que desse jeito meu bem você só mesmo engana
O teu desamar

Letra e música: Ana Oliveira

Instruções para esquecer

Para esquecer alguém de quem se gosta muito, 
e não se quer esquecer, não basta querer.
Há de se fazer um esforço semelhante ao levantamento 
de dois ou dez elefantes, simultaneamente. 
Se for uma formiga, substitua o elefante por besouros ou vaga-lumes obesos. 
Para deslembrar deve-se sentar em um lugar usado para pensar. 
É imprescindível a companhia de uma xícara de café e,
 para os fumantes, de um cigarro. 
Comece então a refletir e responda se a pessoa a ser esquecida 
aplicaria a mesma força, que envolve elefantes, 
besouros e vaga-lumes obesos, para também te desquerer. 
Se a resposta for sim, desista imediatamente de esquecer. 
No entanto, se o pensamento titubear, 
enroscado nos emaranhados cabelos da dúvida, 
passe para a próxima etapa: a execução. 
Uma das técnicas que poderá funcionar é a da distração. 
Distraia-se a espera do eclipse que só voltará em meio século 
ou limpando folha por folha das mais de trinta plantas do jardim,
porém, lembre-se de passar longe das rosas vermelhas. 
Aconselha-se a ler algum poema, 
que pode ser qualquer um que não fale de amor. 
Saudade também é perigoso. 
Em hipótese alguma se distraia abrindo velhas caixas, 
relendo bilhetes, dedicatórias, 
nem ouça aquele disco sobre terças-feiras ou cavalos. 
É recomendável que se ande normalmente pela rua, ora olhando para cima, 
ora para o chão e, em algumas vezes, para um letreiro ou vitrine. 
Isso evitará que se encontre um rosto, um cheiro ou uma voz. 
É também salutar que não se repita situações as quais 
possam comprometer o trabalho até agora empreendido, 
como as madeleines oferecidas em cafés na cama, 
discos de bolero ou a releitura daquele livro 
que jamais deverá ser devolvido sob pena de, 
fatalmente, estragar o esquecimento. 
E lembre-se, para esquecer procure ter comprovadas evidências científicas 
de que também já fora esquecido.

ps.: Experimento em fase de testes. Na dúvida, desconsidere-o.

Ana Oliveira