quarta-feira, 25 de novembro de 2015

Vertente


Há dias em que deságuo. Ninguém vê ou supõe porque o estado líquido da gente é como uma cascata escondida no meio do mato selvagem. Essa que passeia silenciosa entre as pedras que abraçam e consolam sem saber por quê. São tão longos esses dias de chuva. Inundam o velho e cansado peito de um jeito, que nem mesmo o vento seco de verão é capaz de levar os fluídos para onde tudo é doce e permitido. Há poucos meses fiz um acordo com o universo: Que cada um de nós encoraje seus vícios e propósitos, desde que a angustiante chuva volte apenas em meados de maio.

Ana Oliveira

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