De tanto escrever você
Não descanso meus olhos
Porque pressinto
Que teu voo está próximo
Sei que, sem teu abraço
Sou um vento inabitado
Uma corrente que teima em vazar
Pelos vãos dos teus dedos
Para morar nas confusas
Linhas da tua mão
Minha alma anda furiosa
Deseja ser as páginas acariciadas
Do teu livro de cabeceira
Pisa em teu peito perfumado
Como que em folhas de outono
Cravando garras e asas
Na fantasia de mais algum instante
Do teu beijo mordido, cuspido
Ando cega e tonta pelos versos
Sem saber se o nosso tempo
Há de ser quando ou onde
Escalo teu corpo com febre
Espalhando pedaços de saudade
E um rasto de amor imortal.
Ana Oliveira
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