sexta-feira, 27 de novembro de 2015

Passarinho
















Ando enlouquecida
De tanto escrever você
Não descanso meus olhos 
Porque pressinto 
Que teu voo está próximo
Sei que, sem teu abraço
Sou um vento inabitado 
Uma corrente que teima em vazar 
Pelos vãos dos teus dedos 
Para morar nas confusas 
Linhas da tua mão 
Minha alma anda furiosa 
Deseja ser as páginas acariciadas 
Do teu livro de cabeceira 
Pisa em teu peito perfumado 
Como que em folhas de outono 
Cravando garras e asas 
Na fantasia de mais algum instante 
Do teu beijo mordido, cuspido 
Ando cega e tonta pelos versos 
Sem saber se o nosso tempo 
Há de ser quando ou onde 
Escalo teu corpo com febre 
Espalhando pedaços de saudade 
E um rasto de amor imortal.

Ana Oliveira

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