terça-feira, 24 de novembro de 2015

Céu de dezembro




















Será que o céu de dezembro desentristece?
É sempre o último e por isso, um velho sábio
Palco das dores familiares, acertos, pesares 
Promete trazer as coisas perdidas, aquecidas 
Quem sabe até algo triste do azul melancolia 
Que também azuleja alguma tênue euforia

Será o delírio das chuvas de novembro?
Que arrasta os joelhos nas pedras da solidão 
Um jovem sem futuro, em sua magra finitude 
Que chora o dia e a noite em desencantos 
E canta para acalmar a fúria dos ventos 
Trazendo a nudez do trovão em prantos

Será que o céu infinito no fundo não é céu?
Teto que profana meses ilusoriamente criados, 
Feitos de fases que denunciam o passado 
De um anil que dedica-se a confundir o tempo
Talvez uma vastidão imponderável de sonhos 
Vivendo apenas de lua e vozes esquecidas 

Ana Oliveira

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