terça-feira, 13 de outubro de 2015

Pra dizer adeus

Escrevo com sangue porque a tinta das lágrimas é transparente e já não suporto mais esconder essa dor. O vermelho da rosa que nunca foi dada nem cheirada é também a cor da carne dilacerada que vomita amor. Nada mais há de ser feito além de pregos nas portas e chaves engolidas. Calo a boca da ternura com a força de um sentir que quer ser cego e esquecido.

Já não enxergo as cores da vida, nem do verde que todos vêem. O que sobrou aqui volta aos seus medos ainda mais carregados de segredos. Que os dias voem apressados e as horas estejam sempre correndo contra o tempo. A fome da saudade precisa ser alimentada com novas risadas ou enterrada ao pé da desperdiçada espera. 

Quiçá pudesse esculpir um sol que tivesse a mesma força do abraço ausente. O momento não é de fuga, mas de partida. Sigo para viver na imensidão onde sorrisos mágicos conspirem a favor do medo da coragem. Maldita lua que bendiz a sorte, mas semeia morte com um sorriso amarelo. Sob seu altar regente e materno suplico pela trégua do eterno rosto que me escarnece ao devir em todos os outros.

Ana Oliveira

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