terça-feira, 15 de setembro de 2015

Languidez



Através do reflexo do vidro da janela vi você passar, em uma tarde qualquer. Coração feito um trem desgovernado, o suor escorrendo pelos vincos da pele, pupilas ansiosas e ao mesmo tempo disfarçadas, mãos geladas em pleno verão tropical. Depois de muitos dias na árdua tarefa de esquecer o desenho do teu rosto, eis que tudo está arruinado. E nesses poucos minutos em que caminha de uma esquina a outra, pela roupa que usa, o jeito que anda e a direção para onde olha, leio tua alma e as emoções que naquele instante, em ti afloram. Porque toda vez que quase te esqueço algo quase me traz tua vida de volta? Nem mesmo para as perguntas gostaria de quimeras. Preciso que abra mão desse caminho, que esqueça meus cheiros e músicas e atravesse para o lado certo da rua que escolheu andar. É inútil matar um amor que já nasceu em estado terminal, sem espaço, nem tempo. Não almeje procurar quem já não suporta mais arder.

Ana Oliveira

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