terça-feira, 29 de setembro de 2015

Encanto















O corpo que ora profano, ora sagrado
Quer e se não, renega o desejo alheio
Flutua quando cabe em si, por si só
Beija a mão de deuses desgarrados
Lambe a ferida de monstros sagrados

O corpo que anda no pó da contramão
Queimado na fogueira das palavras
Banido pelos olhares e falácias afãs
Faz do caos aquilo que lhe convém
Enfeitiça o mal e seduz seu bem

O corpo que nem perfeito, nem pouco
Dança nu em telhados e fases de lua
Renega o vil poder da tortura santa
Abusa da magia limpa e invisível
Ama-se sobre o altar do impossível

Anna Poulain

Nenhum comentário:

Postar um comentário