quarta-feira, 5 de agosto de 2015

Três dias



Três dias com você não seriam bons. Seriam três dias em que me acostumaria com teu corpo quente, tão incomum em minhas madrugadas inóspitas. Talvez fossem três dias onde eu esqueceria de apagar as velas ou a chama do fogão. Três dias. Três longos dias que seriam como três ligeiras horas. Certamente setenta e duas horas de batimentos cardíacos acelerados, não da saudade cotidiana, mas da espera que acontece, do desejo que não tarda. Seria pelo menos três cafés acompanhados de olhos que não querem fechar para não perder o outro de vista. Três pães temperados com o gosto doce da noite que ainda não dormiu. 

Três dias com você resultariam em três noites. Três noites em que esqueceria a fome que se come e cessa. Três madrugadas em que a sede seria apenas de mais um beijo molhado de vinho e que este, seria apenas aquele que precederia o próximo. Três dias com você significaria os únicos três dias sem saudade desde que te conheci. Minto. Seriam apenas três fins de tarde em que não andaria calmamente, correria... 

É... Três dias com você não seriam bons. Bom é uma palavra calma, delicada, útil. Mas três dias inteiros com você não seriam calmos, delicados, tampouco úteis. Essas quase cem horas em que minha alma não desconectaria da tua seriam rasgadas, suadas, abusadas e inúteis. Inúteis para o resto do mundo que lá fora continuaria a correr. Três dias com você seriam sem hora, nem ponteiro. Sem amanhecer, nem anoitecer. Três dias ao seu lado seriam três marcas no espaço onde o tempo seria medido apenas pelo intervalo do nosso amor.


Ana Oliveira

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