Descobri que sofro de saudade.
Fiz hemograma, cardiograma e depois de muitos gramas o médico constatou:
- É saudade.
E o que fazer quando o remédio é pílula do tempo ou chá de esquecimento?
- Saudade mata doutor? Com que veneno ou apelo?
Porque se a gente mata algo, acabou.
- Tem tratamento meu senhor?
- Talvez!
O talvez geralmente desespera.
O não é sentença. É não e pronto.
Já o sim, mesmo com remédio amargo, uma hora cura.
Mas o talvez...
Talvez eu até esqueça nomes e datas, mas rostos, cheiros e gostos, que jeito?
Saudade não tem antídoto.
É a sina das cores que vem e vão, ora cinza, ora cor escarlate.
(Anna Poulain)