Não sou nada.
Nunca serei nada.
Não posso querer ser nada.
À parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo.
Janelas do meu quarto,
Do meu quarto de um dos milhões do mundo
que ninguém sabe quem é
(E se soubessem quem é, o que saberiam?)
Dais para o mistério de uma rua cruzada
constantemente por gente,
Para uma rua inacessível a todos os pensamentos,
Real, impossivelmente real, certa, desconhecidamente certa
Com o mistério das coisas por baixo das pedras e dos seres
Com a morte a por umidade nas paredes
e cabelos brancos nos homens
Com o Destino a conduzir a carroça de tudo
pela estrada de nada.(...)
(Álvaro de Campos)
Um dos meus poemas preferidos...